28 julho 2005

Não me consumas

Não me consumas
Não me consumas
Não me consumas mais
Não me consumas mais
Pára de me consumir
Que tu abusas
Que tu abusas
Sempre cada vez mais
Sempre cada vez mais
Não é fácil digerir
Pára de me consumir

Porque já estou farto
De ser o olfacto
Da tua laca e desse spray
Que é de uma marca
Que eu cá não sei
Ah esses teus sais
Eu já não aguento mais

Estou enjoado do teu perfume
Vê-se extraído de um raro estrume
E com esse bad stick
Não há nariz que não fique
Saturado de cheirar
Pára é de me gastar

Não me consumas
Não me consumas
Não me consumas mais
Não me consumas mais
Pára de me consumir
Que tu abusas
Que tu abusas
Sempre cada vez mais
Sempre cada vez mais
Não é fácil digerir
Pára de me consumir

Não sou coisa nova
Para a tua moda
Não sou a dança do teu penteado
Nem o cabide do teu novo fato
Sempre gostaste de ser
A coca do geral parecer
Não sou o espelho da tua vaidade
Nem a pastilha do teu à vontade
Não comigo não
Não sou canal de televisão

Creme de noite
Creme de dia
Um que endurece
Outro que amacia

Tratas muito da fachada
Porque é que não tratas nada?

Não me consumas
Não me consumas
Não me consumas mais
Não me consumas mais
Pára de me consumir
Que tu abusas
Que tu abusas
Sempre cada vez mais
Sempre cada vez mais
Não é fácil digerir
Pára de me consumir

António Variações
(Humanos)







A areia na ampulheta vai caindo vertiginosamente, tudo o que se disse, tudo o que era críterio cai... Mas também a paciência e a força que iam resistindo, começam agora a cair.

Triste sina! Pobre Terra!