07 janeiro 2006

DE PAI DA PÁTRIA A MAU DA FITA

«Sabe, primeiro houve aquela fase em que eu não queria. Depois, quando avancei, perdi o mês de Setembro. Anunciei a candidatura e fui visitar os emigrantes. Quando voltei tinha passado de pai da pátria a mau da fita»
Mário Soares em entrevista ao Expresso

É um facto, o sentimento que se vai sentindo nas ruas nos últimos meses é exactamente personificado nesta afirmação de Mário Soares ao Expresso, de um momento para o outro alterou-se os papéis e a maioria daqueles que à dez anos intitulavam Cavaco como o mau da fita são agora os agora caíram neste espírito de D. Sebastianismo.

Por outro lado Soares vai caindo em desgraça, porquê??? Será da idade, não acredito que seja só por isso, o discurso (na minha opinião) de ataque a Cavaco não têm sido o melhor, mas a comunicação social também têm dado uma ajuda, facto que não é novo, especialmente para aqueles que já estiveram envolvidos em caravanas nacionais e onde se asssistia e continua a assistir diariamente por parte de um canal televisivo a um tratamento a roçar muitas das vezes a falta de ética, sempre a procurarem brechas na assistência, gafes e deslizes dos candidatos e fazendo comentários despropositados, para passarem a sua imagem influenciada dos factos aos telespectadores.

Ontem assistimos a mais uma demonstração de aproveitamento jornalístico, também devido ao facto de Soares e a sua comitiva se terem esquecido de uma das regras mais básicas nestas situações, a de ter cuidado com o que se diz, pois nunca se sabe quem é que está ao nosso lado. Apesar desse episódio menos feliz à que enaltecer a postura e o espírito de Soares para dar a volta a uma assistência mais preocupada com a sua barriga do que propriamente com o candidato, fazendo o discurso do meio da sala num palco improvisado, o que nos leva a outra questão, os Comícios, onde a principal se não única intenção nos tempos que correm é fazer exclusivamente o número para a comunicação social, pois o espírito que caracterizava estes momentos nos anos que se seguiram ao 25 de Abril e a que Soares estava habituado à muito que infelizmente se perdeu.