15 julho 2005

FOI PARA ISTO???

De facto, o slogan recentemente lançado pelo Bloco de Esquerda é uma questão pertinente! Mas que em tudo se adequa a eles, pois todos esperavam que após o seu resultado eleitoral, este Partido se afirmasse pela positiva e tivesse propostas próprias e exequíveis. Mas não! O seu estilo de esquerda caviar e trauliteira continua, recorrendo à crítica fácil e à descridibilização dos políticos, como se só eles fossem os donos da verdade. Foi para isto que os apoiantes do Bloco de Esquerda votaram neles? Senão vejamos...

Quando as Reformas há anos exigidas, (mas nunca postas em prática por falta de coragem e medo de represálias eleitorais), começam a ser executadas pela mão do Governo PS, logo saíram a terreiro questionando-as através do seu estilo peculiar, e não apresentando alternativas exequíveis.

Quando questionam o aumento do IVA (facto inevitável), apresentando como alternativa o combate à fraude e evasão fiscal, esqueceram-se (ou convinha esconder) que esta medida já foi tomada e cuja previsão aponta para recuperar até ao final do ano 317 milhões de IRC através do combate à evasão fiscal e mais 200 milhões de IVA através do combate à fraude.

Quando se vangloriam por ser os defensores da IVG e das Uniões de Facto, esquecessem-se mais uma vez de dizer que eles não são os pioneiros na sua discussão (ambas as medidas foram lançadas pela Juventude Socialista e apoiadas pelo PS). Em vez disso, utilizaram-nas como arma de arremesso para cativar o Voto Jovem. Mas também aqui se nota uma inversão no seu discurso, pois se anteriormente andaram a recolher assinaturas para um novo Referendo, logo após o primeiro revés, vieram pedir que fosse decidido na Assembleia da Republica. A minha opinião pessoal sobre esta matéria é que Direitos não se Referendam, mas se já se recorreu na primeira vez a este instrumento consagrado na Constituição, inevitavelmente terá de se repetir.

Outro facto que me leva a dizer “Foi para Isto?” é a recente tomada de posição relativa à Greve dos Professores. A melhor maneira de descrever o seu discurso de aproveitamento da ocasião e da procura de novos apoiantes, é transcrevê-lo:


“Agora, como há cinco anos, um governo socialista não hesita em utilizar em seu favor a conhecida morosidade e ineficácia dos tribunais para limitar o direito à greve e para neutralizar administrativamente uma reivindicação política dos docentes."

"...nunca se poderá concluir no sentido em que tal decisão se apoia, pois o sector educativo não pode ser enquadrado nos sectores que se destinam a necessidades sociais impreteríveis."

A Educação deixou de ser para eles uma necessidade e uma bandeira, pois dão como dado adquirido esse eleitorado. Assim, têm de se virar para a procura de uma nova base de apoios, aproveitando a onda de contestação em relação à Reforma da Função Pública, mas o facto é que essa reforma, vem permitir que todos os portugueses estejam em pé de igualdade e justiça social.

Por cá o mesmo estilo impera, quando há duas semanas atrás li o artigo de um candidato do BE, vi pelas suas palavras que ele era um crítico em relação à campanha do PS Alcobaça (Campanha essa assente nas nossas ideias para o Concelho). Qual não foi o meu espanto que passado uma semana o “Partido” pelo qual ele fala, coloca um cartaz no centro de Alcobaça, lançando mais uma campanha no seu estilo habitual, que faz relembrar as antigas Cantigas de Escárnio e Mal Dizer. Será que será esse o mote para as Autárquicas??? A bem da Democracia, esperamos bem que não!

Como disse Nicolau Santos no último fim-de-semana, no seu artigo de opinião no Expresso “Não é que de uma mistura de trotskistas e marxistas-leninistas-maoístas se pudesse esperar um resultado brilhante, apesar da reciclagem democrática.”