ENTREVISTA AO REGIÃO DA NAZARÉ
Que radiografia faz do PS de Alcobaça a que vai presidir nos próximos dois anos?
Antes de mais entendo, este cargo como o de “coordenador” dos vários órgãos e grupos de trabalho da Concelhia. Um Partido que não é somente uma estrutura de 20 ou 30 pessoas, mas que concorre às eleições autárquicas e que envolve nos espaços de reflexão e debate centenas de pessoas. Uma força politica em que milhares de pessoas confiam o seu voto, sejam 6000 nas últimas autárquicas ou 15000 como noutras eleições.
Um Partido que, nos órgãos em que está representado, interna e externamente, fez uma renovação profunda nos candidatos às freguesias, na Assembleia Municipal, bem como na sua Comissão Política Concelhia, o que dá garantia de um trabalho renovado e de toda uma nova atitude de enfrentar e apresentar projectos políticos.
Que estratégia vai desenvolver para unir os militantes socialistas alcobacenses?
Uma estratégia assente em apenas uma palavra, TRABALHO, constante e diário. Teremos três anos sem eleições que vão permitir preparar o futuro em duas fases. Numa primeira fase, a prioridade é a organização interna, dotando o Partido de condições de análise, reflexão e debate. Numa segunda fase, o fruto do trabalho interno será apresentado e debatido, em envolvimento directo com a sociedade, permitindo assim a participação de todos na concepção final de propostas e projectos, indo ao encontro das reais necessidades dos munícipes.
Nessa estratégia que papel reserva aos seus adversários das últimas eleições para a CPC?
Exactamente o mesmo papel que é dado aos que comigo concorreram às últimas eleições, aos que optaram por não integrar qualquer lista, bem como aos que, não sendo militantes, estão disponíveis para o trabalho com o Partido Socialista.
Como é que explica que desde há cerca de oito anos autarquicamente Alcobaça tenha virado à direita e como é que pensa contrariar essa tendência facto que nas últimas eleições se acentuou?
Esse tem sido um pensamento recorrente. Alcobaça não virou à direita autarquicamente, sempre foi de direita. Alcobaça teve câmaras socialistas em duas ocasiões e com o mesmo Presidente, penso que essa também é uma reflexão que tem de ser feita.
Que avaliação faz destes oito anos de mandatos PSD?
Uma governação à vista, onde não foi implementado um conceito de desenvolvimento sustentável, onde as parcerias com os munícipes, associações, empresas e legítimos grupos de interesse, que deviam ter sido feitas de forma partilhada, foram praticamente inexistentes.
Sem ter esclarecido os grandes desígnios para o Concelho, o PSD não agiu, reagiu, tendo-se lançado em obras megalómanas, sem ter em conta a realidade a que se destinam, sem salvaguardar as necessidades dos munícipes e as potencialidades específicas do Concelho. Com custos acima das nossas possibilidades, a Câmara está hoje de tal forma endividada, que se encontra praticamente impedida de pedir empréstimos, salvo em situações de carácter especial.
Quais as grandes linhas orientadoras da estratégia política que projecta desenvolver com os autarcas eleitos pelo PS para fazerem oposição?
O conceito estereotipado de oposição de dizer não a tudo e estar contra tudo não é a nossa maneira de estar na política. Como tal, a nossa linha orientadora será o envolvimento de todos os nossos eleitos, em coordenação com estrutura concelhia. Criticando quando assim o é devido, contribuindo para a melhoria das propostas em que nos revemos, apresentando outras como o já o temos feito na Assembleia Municipal.
Estar na oposição significa não só representar uma minoria, mas também um largo conjunto de cidadãos de pleno direito, que entendeu as propostas do PS como válidas e que se traduzem em melhoria das condições de vida dos munícipes.
Dado que nos próximos dois anos não há eleições para mobilizar mais facilmente o partido, como é que pensa fazer do PS de Alcobaça um partido vivo e mais interventivo?
Através do envolvimento e mobilização dos militantes, simpatizantes e pessoas, não só da nossa área política, em ideias e projectos concretos. Vamos apresentar à Comissão Politica um Plano de Actividades ambicioso, rigoroso e exigente, onde constam muitos destes projectos e que pretende definir desde logo, o rumo e a forma onde cada um poderá dar o seu contributo.
Como é que projecta cumprir a promessa de abrir o PS de Alcobaça à sociedade civil? Já existem algumas iniciativas programadas?
Não basta o “abrir de portas” para que as pessoas apareçam. Esse é, aliás, um dos grandes problemas que os Partidos têm enfrentado e que não têm conseguido resolver. Boa parte da nossa linha de acção, já referida, pretende fazer exactamente o contrário, levando o PS para além das suas “portas” através de um conjunto de acções, quer nas freguesias, quer ao nível do Concelho.
A renovação dos quadros partidários é praticamente inexistente em todos os partidos. Como é que pensa contrariar essa tendência no PS de Alcobaça?
O PS em Alcobaça, volto a frisar, é marcado actualmente pela renovação, contrariando a tendência. Para grande parte dos nossos autarcas este é o primeiro mandato. Em alguns órgãos como a Assembleia Municipal a renovação é bem patente, com toda a bancada a ser composta por novos elementos. Nos órgãos internos essa renovação também é evidente. Para todo este trabalho contribuiu e continua a contribuir muito a Juventude Socialista, no seu papel de formação.
Há quem partilhe da ideia de que estes dois anos são para "queimar" alguns presidentes das CPC já que não há ciclos eleitorais. Sente-se um presidente com mandato a um "prazo" de dois anos?
Fui eleito para dois anos. Em politica exercemos os mandatos enquanto as pessoas que nos elegem entenderem que os estamos a dignificar. Este mandato será, como lhe disse, baseado em duas vertentes. A primeira, de organização interna e a segunda virada para o exterior assente num Plano de Actividades exigente e rigoroso. Este foi o programa que apresentámos aos militantes. Daqui a dois anos as exigências serão diferentes. Nessa altura, apresentaremos por um lado o balanço do que fizemos, e por outro a segunda parte do programa que pensamos levar o PS a estar em condições de disputar as eleições autárquicas nas 18 freguesias, na Assembleia Municipal e naturalmente na Câmara Municipal.
Refira-me cinco vertentes que entenda como prioritárias para o desenvolvimento sustentado do concelho e pelas quais o PS de Alcobaça vá dar a cara nestes dois anos?
O desenvolvimento sustentado do Concelho só é possível alcançar se assentar numa estratégia transversal e complementar.
O Turismo, por natureza um desígnio natural, deve ser encarado como uma indústria potenciadora de empregos e garante de qualidade de vida.
A criação de um Gabinete Municipal de Apoio às Empresas é também um dos pilares fundamentais para um Concelho com milhares de micro-empresas. Existem inúmeras carências onde as empresas não têm capacidade de dar respostas sozinhas e onde é imperioso que exista por parte da Câmara um papel activo.
É urgente inverter a ausência total de politicas de implementação da Sociedade de Informação por parte da CMA. O facto de não ter um sítio na Internet é quase caso único no nosso País. A Câmara tem de ser potenciadora de novas soluções, pois as novas tecnologias não são o futuro, são o presente.
Um município com uma área como o nosso, e sobretudo com três grandes pólos de aglomeração populacional, não pode concentrar tantos serviços na sede de concelho. É crucial descentralizar serviços e competências, de forma a melhor servir as populações.
Na Habitação é necessário um Plano Municipal devidamente articulado com o PDM, dado que é uma ferramenta de planeamento indispensável, dando resposta ao excesso de especulação com a propriedade e com os bens imóveis e garantindo o acesso à habitação de qualidade a preços normais e justos, criando medidas que sustentem a razoabilidade.
VIDA
Lamentavelmente não há tempo para tudo, e o blog têm ficado para trás.
A minha última semana foi de loucos, uma entrevista, reunião preparatória e Comissão Política Concelhia, Assembleia de Freguesia, Comissão Política Distrital. Quanto ao fim de semana, uma passagem fugaz por Lisboa, seguindo para Leiria para assistir a uma excelente iniciativa da Federação da JS sobre a Europa (infelizmente ficou o registo do desinteresse de muitos, em ambas as estruturas, na participação em actividades de verdadeiro cariz politico), acabando o dia em Braga onde se discutiram propostas para uma organização (que apesar de ter colocado um ponto final na minha militância activa, continua a preocupar-me o seu actual estado e destino) carente das mesmas e finalizando no domingo com uma Reunião de Secretariado Concelhio.
E esta pelos vistos vai pelo mesmo caminho!
A FORMIGA E A CIGARRA
Esta fábula adapta-se na perfeição ao trabalho que há a fazer.
Enquanto uns vão cantando alegremente fruto do seu actual estatuto, reforçado nas urnas, outros ao percorrer o seu trilho, vão-se apercebendo que algo não bate certo.
Ao fim de muitos anos no poder, as contradições ocorrem mais frequentemente, as pontas começam a soltar-se, as promessas eternizadas eleições após eleições continuam por ser cumpridas, as pessoas começam a comentar e em alguns casos a protestarem.
É necessário percorrer um longo caminho, ir amealhando e demonstrando que mesmo sem ter o poder, muito se pode fazer. Mas, para esse trabalho resultar, não basta uma só formiga, são precisas muitas mais, pena é que ainda existam cá dentro algumas que se comportem como cigarras, mas essas também o futuro irá lhes ensinar a lição da fábula de Esopo.