09 fevereiro 2006

GRITAR

Depois de ter estado esta noite duas horas deitado numa marquesa, e de não ter gritado várias vezes por a muito custo ter conseguido me conter, senti a necessidade de mais uma vez vir a público retomar a questão de o Desporto Amador em Portugal.

Por dia são milhares os que nas mais diversas modalidades se entregam à prática desportiva, contudo e passados quase dois anos sobre o último caso de morte súbita noticiado, tudo continua na mesma.

Esta época, mais uma vez, continuam atletas em competição sem os necessários exames médicos, nem sequer com os mínimos, a incúria dos nossos médicos, dirigentes e governantes assim o permite. Mas se isso é grave, o que se poderá dizer sobre o facto de ser obrigatório ter policiamento num jogo, mas não ser obrigatório ter um especialista na área da saúde, alguém que possa no momento prestar os cuidados médicos primários. Já não é a primeira vez que eu assisto, a um atleta ter que se deslocar pelos seus próprios meios ao hospital mais próximo, para poder ser diagnosticado e receber o tratamento necessário. Um dos casos mais caricatos, acabo por ter de o contar na primeira pessoa, pois na penúltima época, fruto de um choque com um adversário no final da primeira parte, acabei por não conseguir continuar e como as dores nos tórax se iam agudizando, acabei por deslocar-me no meu carro ao hospital, onde me foram detectadas três costelas partidas. Mas como este caso deverão existir centenas, para não dizer mais.

Tudo isto se vai passando diariamente por esse Portugal fora, enquanto os responsáveis pelo Desporto em Portugal, vão concentrando as suas forças e os seus esforços em resolver os problemas do Desporto Profissional, quanto aos problemas dos amadores nada se ouve dizer dos lados da Avenida da Liberdade.

Continuo a afirmar que nada me move contra o Desporto Profissional, mas acho que já são mais do que horas de os atletas amadores terem as “mínimas” condições dignas e seguras para poderem se dedicar à prática desportiva.