30 julho 2005

O quadrado




«Sei muito bem que estou sozinho. Mas um homem não se rende.»

NÃO sei ao certo em que guerra estou. Todos os dias a esta hora, seis da tarde, começo a ser cercado por tropas que não vejo. Sinto-as perto de mim, sei que estão à minha volta, mas não vejo ninguém. Só os tiros, as rajadas, os «rockets». Por vezes pegam no megafone e dão-me ordem de rendição:

- Estás sozinho, dizem. És um soldado sozinho numa guerra que há muito está perdida.

O problema é que não sei sequer que guerra é. Não sei quem me vestiu esta farda, nem quem me mandou para aqui e me pôs uma arma nas mãos. Munições não me faltam, nem rações de combate, nem água. Todos os dias sou reabastecido. Mas também não sei por quem. Não sei tão pouco quem são os meus, nem por que país ou causa estou a combater, se é que combato pelo que quer que seja. Defendo este reduto. É o meu quadrado. Talvez não tenha sentido estar aqui a defendê-lo, mas se o perdesse eu próprio me perderia. O único sentido, que talvez não tenha grande sentido, é defender este quadrado. Até à última gota de sangue, como há muito, na recruta, me ensinaram. Por isso não me rendo. Por mais que me intimem e me intimidem continuarei a resistir. Não propriamente por razões militares ou morais. Digamos que por razões estéticas. Um homem não se rende. Talvez seja por isso que estou aqui, não sei ao certo onde nem desde quando, talvez desde sempre, no meio de um quadrado, cercado e sozinho, mas não vencido.

Algures alguém me reabastece. Algures sabe que não me rendo.

Todos os dias, pelas seis da tarde, aperta-se o cerco. Todos os dias, à mesma hora, me coloco em posição. É estranho que não me acertem, verdade seja que também não sei se alguma vez atingi o inimigo, se assim lhe posso chamar. Chego a perguntar-me se não é sonho, se tudo não é apenas um pesadelo e se de repente não vou acordar.

Seja como for, a guerra continua. Em sonhos ou não, continua. São quase seis da tarde e sinto que eles se aproximam. Todos os dias é assim, todos os dias defendo o meu quadrado.

- És um homem sozinho e a tua guerra está perdida, gritam eles.

Sei muito bem que estou sozinho. Mas enquanto me bater a guerra não está perdida, ainda que se me perguntassem que guerra é eu não soubesse ao certo responder. Diria talvez que é a guerra de um homem no meio do seu quadrado. Um homem que se bate, talvez em sonho, porque tudo se calhar é sonho. Sonho de um sonho, lembro-me de ter lido algures. Que importa? Sonho ou não, eles aí estão, tenho de defender o meu quadrado, não há outro sentido senão este, lutar até ao fim, um homem não se rende, não seria bonito, seria, aliás, se me permitem, uma falta de educação, uma grande falta de educação.

Publicado no Expresso 30.07.05

28 julho 2005

Não me consumas

Não me consumas
Não me consumas
Não me consumas mais
Não me consumas mais
Pára de me consumir
Que tu abusas
Que tu abusas
Sempre cada vez mais
Sempre cada vez mais
Não é fácil digerir
Pára de me consumir

Porque já estou farto
De ser o olfacto
Da tua laca e desse spray
Que é de uma marca
Que eu cá não sei
Ah esses teus sais
Eu já não aguento mais

Estou enjoado do teu perfume
Vê-se extraído de um raro estrume
E com esse bad stick
Não há nariz que não fique
Saturado de cheirar
Pára é de me gastar

Não me consumas
Não me consumas
Não me consumas mais
Não me consumas mais
Pára de me consumir
Que tu abusas
Que tu abusas
Sempre cada vez mais
Sempre cada vez mais
Não é fácil digerir
Pára de me consumir

Não sou coisa nova
Para a tua moda
Não sou a dança do teu penteado
Nem o cabide do teu novo fato
Sempre gostaste de ser
A coca do geral parecer
Não sou o espelho da tua vaidade
Nem a pastilha do teu à vontade
Não comigo não
Não sou canal de televisão

Creme de noite
Creme de dia
Um que endurece
Outro que amacia

Tratas muito da fachada
Porque é que não tratas nada?

Não me consumas
Não me consumas
Não me consumas mais
Não me consumas mais
Pára de me consumir
Que tu abusas
Que tu abusas
Sempre cada vez mais
Sempre cada vez mais
Não é fácil digerir
Pára de me consumir

António Variações
(Humanos)







A areia na ampulheta vai caindo vertiginosamente, tudo o que se disse, tudo o que era críterio cai... Mas também a paciência e a força que iam resistindo, começam agora a cair.

Triste sina! Pobre Terra!

Estado de Espírito


27 julho 2005

Smile




Andam todos muito em baixo, sempre dá para sorrir!

ARRENDAMENTO JOVEM




Embora a foto não corresponda à campanha "Queremos a nossa Casa", aplica-se na perfeição para servir de alerta.

Meus caros NÁO VAMOS FICAR DE BRAÇOS CRUZADOS, não vos diz nada. Eu sei que o SUMMERCAMP é importante, o Congresso da Ecosy também o foi, mas nós somos uma Organização Política, e como tal, não podemos mais FICAR DE BRAÇOS CRUZADOS!


"PCP quer actualizar valores de financiamento

O PCP quer alterar a legislação que regula o financiamento do Estado ao arrendamento jovem, actualizando os valores do incentivo e estabelecendo que os jovens devem gastar 20 por cento do salário para pagar a casa.

O projecto de lei do PCP, entregue esta terça-feira na Assembleia da República, duplica o valor máximo da contribuição estatal para quem tenha menores rendimentos e exclui os jovens com ordenados superiores a 1.592 euros (4,75 vezes o Salário Mínimo Nacional, que é de 374,7 euros) do incentivo ao arrendamento.

O incentivo ao arrendamento jovem destina-se a trabalhadores com idade até 30 anos.

O deputado comunista Miguel Tiago salientou que «a legislação que regula o incentivo ao arrendamento jovem é de 1992 e os seus valores nunca evoluíram» e defendeu que é preciso actualizá-la porque «já não é uma resposta eficaz às necessidades com que os jovens se defrontam».

Como principal mudança proposta pelo PCP, Miguel Tiago apontou que «o valor da renda passa a ser um factor de ponderação», criando-se o princípio de «garantir que, com a comparticipação do Estado, os jovens não gastam mais do que 20 por cento do seu salário a pagar a casa».

Apesar desta «taxa de comparticipação ideal», mantêm-se os limites máximos para a comparticipação do Estado e a regra de que o jovem pode pagar apenas até 50 por cento da renda e de que o Instituto de Gestão e Alienação do Património Habitacional do Estado (IGAPHE) pode financiar, no máximo, 75 por cento da mesma." TSF

Cartão Vermelho




Financial Times classifica a actuação do ex-primeiro-ministro português à frente da Comissão Europeia como um «show político de horrores». Afirmando que tem problemas de liderança.

Depois de ter levado um enorme cartão vermelho nas Eleições Europeias, agora mais um ao completar um ano (conturbado) de mandato. José Manuel como agora é conhecido, continua a ser igual a Durão Barroso.

É caso para dizer que a nós nunca nos enganou!

26 julho 2005

Ultima Hora




Os enviados ao SummerCamp avistaram hoje o Vaz Devil na Figueira da Foz. Pelos vistos ele estava a provocar (como é seu hábito) uma grande confusão no recinto.

25 julho 2005

1000 Visitas


23 julho 2005

A Esquerda Contra Ataca




"isto vai aquecer!" Jorge Coelho

Estado de Espírito


22 julho 2005

Aliança Simbólica




O desejo de mudança é mútuo!

A Aliança está bem patente!

Este é o Nosso Tempo!

Que a força esteja connosco!

Estreia




Com tanto crime, certamente não iriam ter problemas em escrever o guião para um novo CSI.

Radar




Candidato do Partido ou Candidatura Independente apoiada pelo PS???

"Raul Castro, candidato do PS à Câmara de Leiria"

"Como a minha candidatura é abrangente, sinto um grande apoio local, ao nível das freguesias. Está a gerar-se uma vaga de fundo à volta da minha candidatura. Não é só o PS que me apoia." Jornal de Leiria 21.07.2005


Pedro, aqui está a solução, ainda não demonstraram o apoio à Candidatura Independente que o PS apoia. Será por isso que o assessor de imprensa disse "o que é que os p.... querem"???

21 julho 2005

Estado de Espírito




Férias precisam-se urgentemente!

20 julho 2005

Mão de Ferro




Sais a bem ou sais a mal? Eis a questão!

À qual a resposta foi: Por motivos pessoais, família e cansaço.

Afinal, quem é que manda? Com tantas diferenças de discurso, só restava esta resposta.

Quem será o próximo?

(Para reflexão, não estranharam o sorriso do nosso Primeiro quando questionado sobre o artigo do seu Ministro de Estado)

Nós e as Autarquias

Estamos apenas a três meses das próximas eleições autárquicas. Iremos ser chamados novamente a depositar o nosso voto no projecto com que mais nos identificamos para a nossa Freguesia e para o nosso Concelho. Mas ao mesmo tempo, vai-se comentando em conversas tidas entre amigos, que determinada situação seria importante para melhorar as condições de vida, que em vez de a fazerem assim deveria ser feita de outra forma.

O facto é que muitas das vezes essas conversas acabam por ficar na mesa de café onde são tidas, ao mesmo tempo que se afirma que não se acredita na actual maneira de fazer política nem em quem lá está.

Retrocedendo umas décadas, podemos verificar que após o 25 de Abril se assistiu a um interesse generalizado dos portugueses na participação na vida pública e política. Contudo os portugueses têm vindo gradualmente a afastar-se, demonstrando um desinteresse pela “causa pública”, reflectindo-se isso nos actos eleitorais, onde se continuam constantemente a ver as mesmas caras (algumas delas criticadas) novamente a candidatarem-se tendo como consequência a subida em flecha da abstenção.

Muitos são os factores que poderemos apontar, para tal desinteresse que se vêm instalando ao longo dos últimos anos. Basta abrir o jornal, ver ou ouvir o noticiário, para nos depararmos com sinais de desconfiança e acusação (inércia, injustiça, favorecimento, corrupção) em relação a detentores de cargos públicos, das Freguesias aos Concelhos, da esquerda à direita. Mas não serão seguramente só estes “escândalos” que provocam o afastamento. Também os discursos “redondos” com falta de conteúdo contribuem. A população não se revê nos políticos, nos seus projectos, nem nesta forma de fazer política, preferindo afastar-se a contribuir para a resolução dos seus próprios problemas.

Ao mesmo tempo, as opiniões continuam a não sair da mesa do café. Mas, o facto inegável é que não podemos continuar a assistir impávidos e serenos, temos de ser nós próprios a tentar melhorar as nossas próprias condições de vida. Sei que uma pessoa só não poderá mudar o mundo, mas poderemos começar a mudar a nossa casa, ou seja, os nossos concelhos. Não podemos ser meros espectadores pois é da nossa vida que se trata. É importante que os nossos autarcas oiçam para perceberem o que faz falta, quais os reais problemas, necessidades e anseios. Mas para isso é essencial que as pessoas o demonstrem e lutem pelos seus direitos, que dêem a cara, que levem as suas preocupações e as suas ideias da mesa do café para dentro dos Partidos.

Só assim será possível alcançar uma nova realidade, aquela em que o projecto em que votamos se tornou a de o projecto dos que não esperam e não deixam que sejam os outros a decidir por eles a construção do futuro que é de todos nós. Onde todos somos peças decisivas, meio e destinatários das opções.

19 julho 2005

JS vota contra Governo

"O VALOR das propinas dos mestrados será fixado livremente pelas universidades e politécnicos, disse ao EXPRESSO Pedro Santos, secretário-geral da Juventude Socialista (JS) - que esta semana votou contra as alterações às leis do Sistema Educativo e do Financiamento, aprovadas na Comissão parlamentar de Educação pelo PS e o PSD.

«O Governo deveria fixar para os mestrados um valor idêntico ao cobrado aos alunos das licenciaturas. Como não o fez, as universidades vão pedir as propinas que entenderem, impedindo que muitas pessoas façam mestrado», acusa Pedro Santos, justificando o voto negativo da JS às alterações propostas pelo Executivo.

As mudanças legislativas - a serem aprovadas em plenário depois das férias - visam adaptar o ensino superior aos novos desafios de Bolonha, que cria três ciclos que conferem o mesmo número de graus académicos (licenciatura, mestrado e doutoramento). Só que a licenciatura, no figurino de Bolonha, é obtida, salvo excepções como Medicina e Direito, ao fim de três ou quatro anos de estudos. «Vai ser necessário, para o exercício de muitas profissões, o mestrado. Com propinas fixadas livremente, só alguns poderão aceder ao 2.º ciclo», avisa. E acrescenta: «Perdeu-se a oportunidade de alargar as qualificações dos portugueses».

O texto agora votado estabelece ainda que as universidades e os politécnicos só podem conferir o mestrado se contarem com «um corpo docente próprio, qualificado nessa área, e demais recursos humanos e materiais que garantam o nível e a qualidade da formação adquirida». Os doutoramentos ficam reservados às universidades mas só às que, além de corpo docente, garantam a investigação e tenham experiência acumulada sujeita a avaliação.

Os candidatos ao ensino superior têm 47 mil vagas disponíveis, 5.900 das quais na área da Saúde, que representam mais 5% que há um ano. A Educação, a Agricultura e as Humanidades oferecem menos vagas. Em 2004, ficaram por preencher perto de oito mil lugares, número que pode subir este ano com a introdução da lei que veda o acesso a quem tenha negativa na prova específica."

Expresso - 16.07.2005

Ele no fundo não é mau rapaz, mas como alguém diz "as companhias é que estragam tudo".

Números Negros




Sabiam que por mês são assasinadas mais de 800 pessoas no Iraque, média de 1 por hora.

18 julho 2005

Pé na Chapa




Em pouco mais de 2 meses, têm sido sempre a andar, este fim-de-semana a primeira iniciativa. Não é por nada, mas esta Federação já fez mais que as ultimas duas (a culpa seria das pessoas ou seria do líder???, penso que a resposta está dada!).

Como não resisto a uma farpazinha, já repararam que o discurso estava a ser interessante, uns olham para cima, outros olham para baixo...

Pronto! Seja feita justiça ao rapaz, era só para estar na sessão de abertura e acabou por ficar por cá mais um bocadinho para a sessão de encerramento. Ele até se esforça...

15 julho 2005

FOI PARA ISTO???

De facto, o slogan recentemente lançado pelo Bloco de Esquerda é uma questão pertinente! Mas que em tudo se adequa a eles, pois todos esperavam que após o seu resultado eleitoral, este Partido se afirmasse pela positiva e tivesse propostas próprias e exequíveis. Mas não! O seu estilo de esquerda caviar e trauliteira continua, recorrendo à crítica fácil e à descridibilização dos políticos, como se só eles fossem os donos da verdade. Foi para isto que os apoiantes do Bloco de Esquerda votaram neles? Senão vejamos...

Quando as Reformas há anos exigidas, (mas nunca postas em prática por falta de coragem e medo de represálias eleitorais), começam a ser executadas pela mão do Governo PS, logo saíram a terreiro questionando-as através do seu estilo peculiar, e não apresentando alternativas exequíveis.

Quando questionam o aumento do IVA (facto inevitável), apresentando como alternativa o combate à fraude e evasão fiscal, esqueceram-se (ou convinha esconder) que esta medida já foi tomada e cuja previsão aponta para recuperar até ao final do ano 317 milhões de IRC através do combate à evasão fiscal e mais 200 milhões de IVA através do combate à fraude.

Quando se vangloriam por ser os defensores da IVG e das Uniões de Facto, esquecessem-se mais uma vez de dizer que eles não são os pioneiros na sua discussão (ambas as medidas foram lançadas pela Juventude Socialista e apoiadas pelo PS). Em vez disso, utilizaram-nas como arma de arremesso para cativar o Voto Jovem. Mas também aqui se nota uma inversão no seu discurso, pois se anteriormente andaram a recolher assinaturas para um novo Referendo, logo após o primeiro revés, vieram pedir que fosse decidido na Assembleia da Republica. A minha opinião pessoal sobre esta matéria é que Direitos não se Referendam, mas se já se recorreu na primeira vez a este instrumento consagrado na Constituição, inevitavelmente terá de se repetir.

Outro facto que me leva a dizer “Foi para Isto?” é a recente tomada de posição relativa à Greve dos Professores. A melhor maneira de descrever o seu discurso de aproveitamento da ocasião e da procura de novos apoiantes, é transcrevê-lo:


“Agora, como há cinco anos, um governo socialista não hesita em utilizar em seu favor a conhecida morosidade e ineficácia dos tribunais para limitar o direito à greve e para neutralizar administrativamente uma reivindicação política dos docentes."

"...nunca se poderá concluir no sentido em que tal decisão se apoia, pois o sector educativo não pode ser enquadrado nos sectores que se destinam a necessidades sociais impreteríveis."

A Educação deixou de ser para eles uma necessidade e uma bandeira, pois dão como dado adquirido esse eleitorado. Assim, têm de se virar para a procura de uma nova base de apoios, aproveitando a onda de contestação em relação à Reforma da Função Pública, mas o facto é que essa reforma, vem permitir que todos os portugueses estejam em pé de igualdade e justiça social.

Por cá o mesmo estilo impera, quando há duas semanas atrás li o artigo de um candidato do BE, vi pelas suas palavras que ele era um crítico em relação à campanha do PS Alcobaça (Campanha essa assente nas nossas ideias para o Concelho). Qual não foi o meu espanto que passado uma semana o “Partido” pelo qual ele fala, coloca um cartaz no centro de Alcobaça, lançando mais uma campanha no seu estilo habitual, que faz relembrar as antigas Cantigas de Escárnio e Mal Dizer. Será que será esse o mote para as Autárquicas??? A bem da Democracia, esperamos bem que não!

Como disse Nicolau Santos no último fim-de-semana, no seu artigo de opinião no Expresso “Não é que de uma mistura de trotskistas e marxistas-leninistas-maoístas se pudesse esperar um resultado brilhante, apesar da reciclagem democrática.”

12 julho 2005

A verdadeira face do BE

O artigo de opinião do Nicolau Santos no último fim de semana do Expresso sobre o Bloco de Esquerda, vêm demonstrar as fragilidades deste mix de políticos. Como tal não resisto a colocá-lo para reflexão.

"Não é que de uma mistura de trotskistas e marxistas-leninistas-maoístas se pudesse esperar um resultado brilhante, apesar da reciclagem democrática. O que era suposto, capitalizar o descontentamento de franjas de jovens urbanos e de intelectuais que se acham melhor que o país, está feito. Agora que seria necessário dar o passo em frente para alargar a base de apoio começa a tornar-se evidente que o Bloco de Esquerda há-de ser sempre o que é: um pequeno partido nas margens do sistema.

O exemplo mais acabado da falta de aderência do BE à realidade (e de colagem acrítica ao politicamente correcto) foi a reacção da deputada Ana Drago e do dirigente Daniel Oliveira ao «arrastão» na praia de Carcavelos. A deputada Ana Drago, já famosa pelo neologismo que criou aquando da derrota de Santana Lopes e vitória absoluta do PS de José Sócrates (a «virança», como então lhe chamou), veio agora candidamente informar o país de que o que se passou naquele domingo em Carcavelos não passou de pequenos furtos realizados por meia dúzia de pessoas - e tudo o resto resultou da carga selvática das forças policiais sobre os banhistas que correram desordenadamente de um lado para o outro da praia, provocando o que pareceu ser um arrastão, mas que não o foi, como nos explicou a deputada do BE.

Na mesma senda, Daniel Oliveira, na sua habitual crónica no EXPRESSO, apelidou de «inventão» o acontecimento e esclareceu-nos que «o arrastão nem arrastinho foi», «os roubos afinal aconteceram depois de uma rixa e no meio da confusão» e os jornalistas, manipulados pela polícia, fizeram o resto: «A maioria dos jornalistas não tem agenda, não faz agenda, não olha sequer para nenhuma agenda. E não investiga nada. São apenas artistas de variedades, prontos para entreter o público com aquilo que o público quer».

Fico sempre fascinado com os não jornalistas que usam abundantemente os media para se promover e promover as suas organizações, para depois os criticarem forte e feio. Daniel Oliveira não é o único. Mas para mal do fundador do «Barnabé», às vezes a realidade é demais evidente para ser como o BE quer. Eu não estava em Carcavelos - e suponho que Oliveira também não. Mas estava a minha filha e um grupo de amigos ao pé da bola do Nívea. E o resultado que fazem do que aconteceu - e dos roubos e tentativas de que foram vítimas - não bate certo de todo com a benigna visão do que aconteceu que têm os bloquistas Ana Drago e Daniel Oliveira, sempre muito politicamente correctos.

Ao mesmo tempo, anda o BE a colar cartazes pelo país com os dizeres «Foi para isto?» e uma fotografia de José Sócrates, de cara zangada, e mais umas frases «Aumento de impostos, aumento de combustíveis», etc. A questão é saber o que é que o Bloco faria se fosse Governo, que medidas proporia para colmatar o défice acumulado. Não espera certamente resolver pelo lado do combate à fraude e evasão fiscal o problema. Na verdade, o actual director-geral de Contribuições e Impostos, que Bagão Félix queria despedir por motivos pessoais, espera já este ano recuperar 317 milhões de IRC através do combate à evasão fiscal e mais 200 milhões de IVA através do combate à fraude. Há muitos anos que não se viam tais resultados. O BE conseguirá fazer melhor? E o brilhante economista Francisco Louçã como é que consegue fazer a quadratura do círculo: controlar o défice, sem aumentar impostos, nem congelar carreiras na Função Pública, reduzir o desemprego, mas aumentar os impostos sobre as empresas e os bancos, esperando que o investimento suba e o consumo também, sem desequilíbrio nas contas externas. É esta a receita que o BE propõe. Sendo o melhor dos mundos, tem um problema. Não funciona. É como o arrastão. O BE não gosta, mas existiu. Às vezes, a realidade atrapalha muito." Nicolau Santos

08 julho 2005

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07 julho 2005

Puro Veneno




Os novos grandes amigos de ÁFRICA!!!

06 julho 2005

New Toy




Com tanta password, esta prenda do Expresso caiu do céu.

Mais vale tarde do que nunca!!!

Finalmente ao fim de um ano a JS reage.


"JS apresenta queixa contra Alberto João Jardim

Lisboa, 5 de Julho de 2005


A JS vai apresentar queixa no Alto-Comissário para as Minorias Étnicas Imigração e vai apresentar uma participação à Procuradoria-Geral da República no sentido de averiguar se as graves declarações proferidas pelo Presidente do Governo Regional da Madeira são susceptíveis de gerar responsabilidade jurídica.

Para a JS o Presidente do Governo Regional da Madeira violou o princípio da igualdade consagrado na Constituição da República Portuguesa e violou a lei 18/2004 que proíbe a discriminação racial ou étnica ao ter proferido declarações discriminatórias que insultam comunidades de imigrantes.

A JS fará de igual modo uma participação ao Procurador Geral da República no sentido de averiguar da existência de responsabilidade criminal por parte do Presidente do Governo Regional da Madeira pelas declarações proferidas.

Pedro Nuno Santos, Secretário Geral da Juventude Socialista, afirma que “a JS sente-se chocada com as declarações proferidas pelo Presidente do Governo Regional da Madeira. É inadmissível que seja quem for, muito menos um detentor de um alto cargo político possa proferir declarações racistas e xenófobas.”

Pedro Nuno Santos adianta, ainda, que “é inaceitável que se ataquem comunidades imigrantes e que se ignore, ao mesmo tempo, o contributo que as comunidades imigrantes têm dado para o desenvolvimento do nosso país.
É também de uma grande irresponsabilidade política ignorar que Portugal tem uma grande comunidade emigrante espalhada pelo mundo, incluindo na Ásia, grande parte da mesma constituída por emigrantes Madeirenses.”

A JS condena todos os actos que promovam a discriminação e o ódio. Mais do que ninguém os detentores de altos cargos políticos devem promover a solidariedade, a tolerância e o respeito pelos outros. Esta é a obrigação de todos os que fazem política.

“Não foi isto que o Presidente do Governo Regional da Madeira fez. E por isso deve ser punido, pelo menos politicamente”, conclui Pedro Nuno Santos. "

Que saudades que tinhamos de uma JS activa e vigilante!!!

04 julho 2005

3 Segundos


Basta!!!




Em cada 3 segundos que passa morre uma criança.

Só são necessários 3 segundos para contribuires com o teu nome para seres mais uma voz a dizer BASTA!!!

G8 vs Live8



President George Bush today sounds a warning to those hoping for a significant deal on Africa and climate change at Wednesday's G8 summit, making clear that when he arrives at Gleneagles he will dedicate his efforts to putting America's interests first.


Parece que Tony Blair vai ter o reverso da medalha da ultima Cimeira Europeia, apelou à ajuda às nações africanas, mas os EUA e a Alemanha já afirmaram que vão defender os seus interesses e que não vêem com bons olhos o aumento das verbas.

Apesar do apelo mundial do último fim-de-semana (Live8), o facto é que o perdão das dívidas parece estar posto de lado, a ajuda também parece estar de lado, mas o que não está de lado são as 50000 mortes diárias.

03 julho 2005

Embuste ???



Esta semana assistimos à aparição do empresário Patrick Monteiro de Barros como o promotor de um grupo privado ( Enuport), disposto a avançar com €3,5 mil milhões para construir uma central nuclear em Portugal. Mas existem aqui algo que não cheira bem:

1 - Na apresentação desse projecto, afirmou que a prioridade do mesmo era colmatar as necessidades eléctricas do nosso País, mas o seu primeiro objectivo é a exportação para Espanha.

2 – Afirmou que era uma iniciativa totalmente privada, mas dos putativos financiadores, nem sombra.

3 - A localização prevista será na Bacia do Douro (onde se corre o risco da possível alteração do micro clima), preterindo a outra localização que seria no Alentejo.

4 - O projecto exige a reabertura das minas de urânio da Urgueiriça, contudo o urânio terá de ser primeiro exportado, para ser importado já enriquecido (já que se propõem a construção da Central Nuclear, porque não o tratamento da matéria prima também???)

5 – Para não variar, e como infelizmente se começa lentamente a generalizar por parte dos nossos ministros, Manuel Pinho, avança e recua nas intenções. Primeiro, diz que o país «pode pensar nesta opção» para, no mesmo dia, dizer que o nuclear não está no Programa do Governo e que esta é uma «decisão definitiva». ( Lei da Rolha para os membros do Governo ??? )

É caso para dizer, será Embuste???

02 julho 2005

O que eles dizem

"HOUVE tempos em que a actividade política ainda impunha alguns princípios básicos de ética e de conduta. Bastava ser-se suspeito num processo judicial para que qualquer titular de um cargo político, partidário ou público, se sentisse na obrigação de suspender as suas funções ou de renunciar mesmo ao cargo.
Agora, instalou-se a moda degradante de um qualquer político envolvido em processos mais ou menos obscuros e comprometedores reagir como se nada de grave se passasse com a sua honorabilidade. «Saí do Governo e regularizei o que havia para regularizar. Estou na plenitude dos meus direitos cívicos», afirmava esta semana Isaltino Morais, quando já sabia que estava na plenitude da sua condição de arguido num processo judicial por branqueamento de capitais, falsas declarações e corrupção passiva.
Esta moda dissoluta chega mesmo ao extremo, nalguns casos, de tentar fazer passar a ideia de que se é vítima - e não suspeito ou mais do que isso - de um sistema judicial totalitário e persecutório. Que actua perversamente à margem do Estado de direito democrático. Fátima Felgueiras, foragida à Justiça, reivindica o estatuto de exilada política. Isaltino «estranha a coincidência» de ser constituído arguido nesta ocasião. Avelino Ferreira Torres, também arguido noutros processos, esbraceja que «é tudo mentira» sobre as investigações da PJ. Valentim Loureiro, mais um arguido no processo «Apito Dourado», desvaloriza o caso e não abre mão dos cargos.
Chegámos, pois, a uma situação em que pode ser-se suspeito de ilícitos criminais. Ou, pior, constituído arguido num processo judicial. Pode mesmo ser-se acusado e presente a julgamento. Ou, inclusive, foragido à Justiça. E continuar a actuar, politicamente, como se os seus direitos e deveres não tivessem sofrido qualquer abalo ou beliscadura. Deixou de haver regras de ética, exemplos de salvaguarda da idoneidade pessoal e da credibilidade das funções. Deixou de haver, simplesmente, vergonha na cara."
José António Lima – Expresso 02.07.2005

Não posso estar mais de acordo com esta opinião, a falta de pudor está instalada no meio político, mas apesar de as pessoas acusarem a classe política e de dizerem que são todos uns corruptos, o facto é que estes senhores lideram todos as sondagens.

Como o saudoso Fernando Pessa diria "E esta hein!"

01 julho 2005

Puro Veneno



Just Say No!
Embora atrasado, cada vez mais actual!